quarta-feira, 9 de março de 2011

Aquele Velho Navio

Tomei um navio rumo ao Velho Mundo,
Embriaguei-me em tempestades.
Enquanto, à sombra da maldade,
As ondas do mar traziam sua voz
De um oceano distante, profundo.

Grita!
E com unhas roídas rasga a própria pele.
Sangra por dentro quando houve aquelas histórias.
Porque não sabe por onde foi aquele
Que te roubou todo ouro, mérito e glórias.

Com o tempo eles esquecem,
Com o tempo são esquecidos.
E adormecem tranquilamente no oceano profundo.
Esperando o despertar
Que, à superfície, de volta os trará.

E você estava entre eles.
Seus olhos vidrados penetraram em mim.
Não acreditavam no que viam refletidos nos meus.
Desesperados, seus lábios tocaram meu rosto.
Imploravam que fosse mentira, triste desgosto.

Naufraguei.

Perdi-me em devaneios.
Absorto, estremeci.
Senti-me sujo, indigno.
Uma alma doentia perdida
Em uma praia vazia.

Com o passar do tempo,
Fui aprendendo a estar naquele lugar.
Onde nem vivo, nem as ondas vem me buscar.
Ainda sim, voltava todos os dias,
Esperando te encontrar lá.

Eu sei que dizem que são apenas
Rostos na superfície do mar,
Todos mortos.
Mas a dança da morte,
A dança da morte é infinita.

Agradecimentos: aos amigos Gabriel Lazzari e Marcus Vieira, que contribuíram, ainda que sem saber, com idéias e até mesmo versos prontos. Sem os quais a poesia nunca teria atingido a dimensão que atingiu dentro de mim mesmo. E a você, meu amor, sempre a você.